segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mais oui...

Muito bom... Eu sabia que um blog me seria útil. Não tem válvula de escape melhor! Quando meu ser está pela tampa eu venho e descarrego aqui. Mas essa válvula tem uma similiariedade com a droga: seu efeito vai diminuindo a cada dia, e você acaba por precisar de mais e mais num menor espaço de tempo.


Na realidade esse negócio só me é viável pelo fato de eu me expressar mais confortavelmente escrevendo.
Não tem olho no olho, não tem gagueira, não tem que correr contra o tempo, não tem elementos externos influenciando. Só tem teclado, monitor, meus pensamentos e eu.



Queria eu poder dissolver tudo que é problema via carta, e-mail, IM, blog, o que fosse. Um terço das minhas preocupações e hesitações seriam extintas. Fora que as consequências, sejam elas quais for, são retardadas, o que te dá mais tempo pra pensar em como agir. É explendido, frio e impessoal.



Entretanto, existe todo aquele lado ruim da compreensão individual, que as pessoas entendem como querem e etc. Aíh já não é mais problema meu... Pra evitar esse tipo de problema, nada de subjetividade. Ser direto, objetivo e seco, como tal meio de comunicação demanda. Não gosto de deixar espaço pra más interpretações, o que não signifca que eu anule o espaço para reflexões. Reflexão é tudo nessa vida.



Como me coçam os dedos pra desabafar tudo que eu penso de determinadas pessoas escrevendo. A moral e o social sempre vencem, e acaba-se por não fazer o que se quer. E ai de quem sair da linha, é represália em cima de represália. Um bom exercício pro pouco auto-controle que me resta.



Mas agora estou aqui, falando de coisas que, na verdade, não são as que me afligem. Porém só por falar, as coisas melhoram.



Moral e ética são coisas complicadas (e esse é o drama do falar e não falar). Por um lado você pensa no que vão pensar de você (e digam o que disserem, isso é mais importante do que quase tudo nesse mundo) e pelo outro lado você pensa em si mesmo. E aí? Descarregar e ver qual é a reação da pessoa, a ponto de você colocar em prática sua única e miúda esperança do que você quer que aconteça acontecer? Ou se resguardar para que não espante a outra pessoa que pensará mal de você, estraçalhando esse resquício de esperança e tocando sua vida como se nada tivesse acontecido e tudo fosse belo? No geral a segunda opção é a mais bem aceita, mas a priemeira é que a mais me chama atenção.



Se tem uma coisa que a vida me ensinou é que se eu não pensar em mim, ninguém mais vai pensar! Por muito tempo achei totalmente egoísta dizer isso e até hoje me soa mesquinho, mas é a mais dura realidade. Como descubrir isso? Tenta colocar todo mundo em primeiro plano? Qualquer um nota em pouco tempo...



O interessante é que quando se tem a atitude de colocar alguém em primeiro plano, é porque você quer ser colocado em primeiro plano por esta pessoa. Mas o acontece é que você a coloca em primeiro plano e e ela também se coloca em primeiro plano... Bom pra ela, ruim pra você. In this wild world, who can survive is a victorious!

Enfim, me segurarei o quanto puder e enquanto quiser... No resto a vida dá um jeito (ou não).

Saudações.

sábado, 24 de maio de 2008

Transferindo o blog

Pois bem, me rendi ao bendito blogspot! A Google vence novamente...
O que me trouxe? Praticidade... Os fiéis usuários talvez não saibam por quê... Mas quem quiser arriscar, tenta outro domínio... Saberão numa facilidade incrível...

A gente cansa, né? Como todo bom taurino, além da devoção à praticidade somos muito ligados à perseverança... Mas algumas coisas acabam por derrubá-la... Na verdade não coisas (nunca coisas), mas pessoas. Coisas da vida? Who knows...

E quando a gente tenta de todas as maneiras? Bate de frente, abaixa a cabeça, ignora, abstrai, finge que não aconteceu nada, senta e tenta conversar... Daí você vê que nada disso dá certo? Você desiste? Eu não. Desistir? Coisa feia... Eu paro de tentar... Porque uma hora não faz mais sentido... Uma hora a vida caminha pra um ponto que aquilo que você tanto tentou não tem mais espaço. E aí?

E aí você dá um 360° e nota quanta coisa passou por você... Quanta coisa você podia e/ou devia ter aproveitado, mas por perseverar tanto numa única coisa, perdeu a oportunidade. As que sobraram, é claro, corre atrás com toda a perseverança que resta. Quando resta...

É estranho notar que um dia que as coisas pelas quais tanto lutei aparecem de mão beijada... Mas, cadê o sentido? Daí já foi, já passou...

Tendo em vista isso tudo, retorno à mesma mania das pessoas de viverem para seus umbigos. Egoísmo me machuca... Desde o do desconhecido ao da minha mãe. Se o mundo é a porcaria que é hoje é por puro egoísmo. E segue o mesmo blá blá blá dos outros posts.

Daí vem alguém falar "oras, você também é egoísta". Sim sou, mas nem por isso me acomodo ao fato de ser e abuso. Na realidade sempre tento me policiar. Egoísmo é coisa horrível desse mundo, não merece espaço na vida de ninguém. Enquanto não me afetar, eu tô lá, pela pessoa, até o fim. Agora, quando a tal pessoa faz tudo perder o sentido, por favor, não me culpe, tenho a consciência limpa de que minha parte tá feita (aqui está uma pitada de egoísmo).

Daí sempre aparece um pra reclamar por coisas bonitas, não falar só de coisas pesadas e negativas... Então me mostre as coisas positivas de você pra que elas me toquem e me afetam tanto quanto essas coisas fedorentas que me cercam... Sendo assim, seu pedido será uma ordem.

Tolo

Tolo

É assim que me sinto... Como um tolo.
Sinto-me (garoto tentando respeitar a norma culta) assim por um simples motivo, que no fim das contas engloba tudo: pessoas. Afinal de contas, onde não há pessoas? Claro, muitos lugares, mas me refiro aos lugares onde eu (pessoa) posso estar.
E o que elas fazem de tão errado? Muita, mas muita coisa. Umas das que mais me incomoda, que me chamou a atenção hoje foi o materialismo.
Entrando em ramos político-filosóficos: consumismo e materialismo, são coisas bem diferentes (eu acho). Para mim, ter prazer por comprar(consumir) está a quilômetros de distância do prazer em manter/ter e até encarar como divino objetos ou bens de valor.
Meu Deus, como isso me enoja. Ver uma pessoa que dá mais valor (afetivo inclusive) a um carro (por exemplo) do que a alguém que tá ali, do seu lado, sofrendo. Daí o senhor "materialista ortodoxo" diz "ah, mas o carro não me trás sofrimento, só alegrias". Aí o que me vem a cabeça? Milhões de palavras de baixo calão. Realmente muitas delas... As mais aterrorizantes que eu conheço e me lembro.
As pessoas não se importam mais com as pessoas... Materialismo na verdade é só um reflexo direto disso. Porque, afinal de contas, deve-se importar-se com algo! É assim que as coisas seguem.
Mas daí você vê gente matando por dinheiro, brigas entre pessoas que deveriam se amar (ou mesmo se amam) por um objeto qualquer e tudo fica confuso. Qual o valor concreto disso? O que isso pode te trazer? Talvez estatus, talvez conforto, talvez segurança financeira. No facilidades adicionado às três últimas coisas citadas. E o que mais? Bem, pra muita gente não se precisa mais de nada. Afinal de contas, "dinheiro compra tudo". Compra?
As coisas mais importantes e interessantes que apareceram na minha vida foram pessoas. E digam o que disserem, dinheiro não compra pessoas... Nem as piores. Compra uma posição em relação a determinado assunto, compra uma postura qualquer, uma ação. Mas uma pessoa não. Essa é a magia do livre harbítrio. E pessoas têm tanto a ensinar... Tanto a aprender... TANTO!
Cada pessoa é um complexo, e um complexo gigantesco. Com um passado, um presente, um futuro, emaranhados de sonhos, sofrimentos, angústias, alegrias, paz, calma, inteligência, cultura. O fato de cada um ser único me encanta e me dá vontade de conhecer a todos. Se um dia isso for possível todos serão completos. Porque, ao meu ver, o que me falta, tá em alguém. Alguém distante, alguém perto, alguém embaixo do seu nariz.
O mais engraçado é o quanto esse discurso a favor do "próximo" é antigo. Mas eu sinto (diga-se de passagem na pele) que ninguém dá a mínima. Claro que ninguém é generalização. Sempre tem quem nade contra a corrente. E é por causa destes "do contra" que se vale a pena se manter na tolice citada lá no título. Se bem que, entre nós que acreditamos e valorizamos o próximo, não há tolice. Há, na verdade, um sentimento de fraternidade, de "tenho com quem contar nessa..." Mas somos poucos... E a batálha é árdua...
Mas é claro, é muito fácil sentar na frente do meu monitor e digitar tudo isso. Mas o que eu tenho feito para o próximo? E você? O que tem feito? E o mundo? O que tem feito.
Temas globais e de suma importância esquecidos por motivos adversos. Daí vem aquela exemplificação da casa, que, sem bases, desaba. É isso que tem acontecido, tudo vem desabando!
Protejam suas cabeças.

Consciência ambiental (ou a falta de)

Consciência ambiental (ou a falta de)

A (falta de) consciência ambiental é a maior prova do quanto o ser humano pode ser mesquinho e egoísta.
Uma coisa tão importante e tão singela não pode ser tão difícil de lidar assim.
É muito fácil fazer um alarde todo quando uma determinada fábrica de carros em determinada localidade do globo emite zilhões de não sei qual medida de gás carbônico na atmosfera. (Depois da pessoa ler isso, cospe um chiclete na terra).
Recebe-se um panfleto e lê sobre o que se trata. Pensa "que desperdício de papel com uma coisa tão fútil e mercadológica". Amassa o papel e arremessa em direção à lixeira. Quem disse se ele ao menos olha pra ver se a pontaria dele é boa ou não? (com certeza não é).
E vai se levando tudo numa hipocrisia mais ou menos como a dos exemplos acima...
Será que custa muito segurar um papel até se encontrar uma lixeira? "Perder" segundos de vida colocando seu lixo lá dentro? Consciência ambiental deve partir de baixo pra cima, não de cima pra baixo. Ela parte do seu dia-a-dia pra grande empresa produtora de carros, não vice-versa. Na hora de colocar o dedo na cara e reclamar, todo mundo é ótimo. Na hora de abaixar pra pegar um do chão o lixo que não é seu, todo mundo continua ótimo (onde se lê ótimo, lê-se bom demais para tal tarefa). E assim a vida vai passando!
Eu dou mais trinta anos de possibilidade de se viver relativamente bem nesse planeta. E acho ainda que estou sendo otimista, siceramente falando! A realidade, é que mesmo os ativistas não ligam.
Sim, eles ligam se vão aparecer bem na fita, se vão ter estatus com isso, se seu pretendente/companheiro vai aprovar, vai achar nobre. Os que de fato ligam, se frustram. Os que não se frustram sofrem. Sofrem por lutar sozinhos. Esses eu admiro, "a causa acima de qualquer um ou qualquer coisa". Só não admiro o fato destes esquecerem de si mesmos.
E é engraçado pensar o quanto as pessoas se matam. Porque venhamos e convenhamos, degradar meio ambiente é se matar. Não precisa ser nenhum doutor em ecologia pra saber disso, são conhecimentos básicos da vida. Fico pensando em Brasília com uma vegetação menor da que já tem. O ar daqui é quase irrespirável de tão seco... Mas Brasília ainda é excessão nessa destruição de mundo desenfreada... Pelo menos ainda vemos nossas núvens no céu.
Mas é assim, e não to escrevendo porque acho bonito. To escrevendo porque vejo e me incomodo. Tudo isso é uma espécie de desabafo mal fundamentado.
Talvez eu esteja fazendo exatamente o que não gosto: reclamando sendo que não faço nada para mudar. Mas na verdade eu faço meu pouco, faço minha parte. Não sempre, assumo, mas faço.
Afinal, tenho meus momentos de mesquinharia e egoísmo. Esse é um desses!
E assim se segue a vida...
Diz-se que o olfato é o sentido que mais rapidamente se adapta. Se há um fedor que incomoda, em questão de minutos seu cérebro o ingora.
O meu veio com defeito: Esse fedor de hipocrisia das pessoas ao meu redor nunca parou de incomodar...

What a strange thing

What a strange thing

O vazio é uma coisa bizarra! Credo!
O que "djabos" será que nos faz sentirmo-nos sozinhos ao redor de pelo menos mil pessoas? Incrível, fisicamente improvável.
É engraçado andar pelo grande "corredor" do lugar onde eu estudo (conhecido como minhocão) e ver tanto gente sozinha no mesmo lugar. A maioria delas (pessoas) não tem a vida ali... Na verdade a maioria deixa a vida pra ir pra lá. Tantos sozinhos, com ar sério, ou preocupado, ou desligado, ou destraído. As pessoas passam, se cumprimentam, e seguem sua jornada all alone. Daí você vê um grupo de pessoas... Umas três ou quatro conversando, rindo... Daí você acha "poxa, alguém aqui não é tão sozinho". Mentirona! Esses são os que tentam dar um jeito na situação. Porque ali você não escolheu ninguém para estar contigo, as pessoas te foram efiandas goela abaixo. As suporte ou pare de estudar. Goste delas e sofra por não ter tempo de se relacionar (Afinal, aquele lugar é só passagem, tua vida tá lá fora).
O pior é tentar transportar uma pessoa lá de dentro pra fora (sim, nada é de todo mal nessa vida). È um processo árduo e falho. Pode ter dado certo pra alguns, infelizmente não deu pra mim. E estes alguns, onde estão?
A realidade é que a Universidade cria um universo paralelo na tua vida. Não é como a escola, as outras atividades, cursos, e etc. É como se fosse um novo mundo com novas regras, novas tradições, novas pessoas... A diferença é que lá, as pessoas não importam. Porque ou você é um bom papo nos dez minutos entre as aulas, ou uma companhia pra não se almoçar só, ou alguém inteleginte pra colar, ou alguém que ameaça o futuro profissional de um outro, ou uma boa compania pro truco... Sei lá... Você na verdade é isso tudo, mas ninguém te vê como isso tudo! Te vêem como um, dois, talvez três desses aspectos, afinal, tua grade ficou muito diferente da compania agradável, a outra não almoça lá nos mesmos dias que você e milhões de empecilhos baratos lhe impedem.
A universidade despersonifica. Você não pode ser você. Você deve ser o bom aluno para "lograr mensão superior a MM e obter os créditos". Você descorda do ponto de vista de determinado professor? Vai ter problemas... É melhor fingir que concorda, dar um jeito de enrolar ou, em casos de sorte, ser bem razoável ao discordar (Mas aí já por sua conta em risco) - o lado infiél das ciências humanas.
As pessoas lá são paisagens, concorrentes, no máximo companias pra determinadas horas (diga-se de passagem muito poucas, o resto a Universidade te leva).
E quandoa acabar isso tudo? Quando acabar isso tudo todos sentirão saudades, alguns até voltarão.
O supracitado vazio se tornará uma constante tão cruel que estranho vai ser viver sem ele...
Vivamos, você, eu, seu vazio, meu vazio... E vejamos no que isso tudo dará. Talvez um futuro proveitoso, talvez um jocoso, talvez futuro algum...
E qual o poder que temos? Sentar e esperar... Aliás... Correr atrás e esperar, a começar de agora de pisar seus futuros concorrentes, agradar os professores mal acostumados e perder pelo menos quatro horas diárias de vida num "investimento futuro" incerto.

Boa sorte para nós, universitários (em especial da Universidade de Brasília).

Sentimentos...

Sentimentos...

Sentimentos são engraçados. Quando penso nisso lembro do dito popular "rir pra não chorar". E fundamento nele minha afirmação, e a repito: Sentimentos são engraçados.
Não seriam engraçados pelo fato de fazerem rir, apesar de alguns deles de fato fazerem rir. Eu não sei de onde tirei essa idéia de engraçado, mas pra mim não é simplesmente algo que faz rir. É algo que atiça o lúdico, o louco, o pronfundo. Algo que te faz parar pra pensar e ver o quão inesperável uma coisa pode ser. Isso é engraçado. Mas efim, os sentimentos: eles são engraçados.
Eles têm um poder de manipulação incrível. Mesmo a pessoa mais racional da face da terra já agiu por "impulso" alguma vez. Mas quem gera esse impulso? Eu acredito que seja o sentimento. Se não fosse, a pessoa nem faria nada... Se fizesse, pensaria muito antes, raciocinaria para.
Mas o melhor (na verdade, pior) dos sentimentos é quandoe ele te pega de surpresa. Acontece uma coisa que você nunca pensou que poderia acontecer! Rapaz... Aí sim a coisa complica. E os sentimentos são bons nisso! Quando você menos espera, tá apaixonado por aquela pessoa nada a ver. Quando espera menos ainda tá irritadíssimo com alguém que, até ontem, você amava (ou pelo menos achava que). E até chegar uma conclusão do real porquê das coisas, já é tudo fato consumado. O que você acaba por fazer é arrumar uma desculpa, uma justificativa, ou qualquer coisa assim, mas que nem sempre é real. Muitas vezes primeiro vem o sentimento, depois vem o motivo. Atire a primeira pedra quem nunca fez/sentiu isso.
Certa manhã você acorda, encontra alguém, olha pra cara da pessoa e sente raiva. O que ela te fez? Hoje nada, nem teve tempo de te dar "bom dia" ainda. Mas aí você pára pra pensar e lembra de um bando de coisas ruins que tal pessoa já fez. E acha que é por isso. Ou pelo menos tenta se enganar e enganar o resto do mundo dizendo que é por isso.
Como diz um amigo, "desse mudelo".
Um sentimento engraçado, é o que rola entre mim e esse blog. É estranho pensar que você tá jogando algo numa rede mundial, onde milhões e milhões de pessoas têm acesso, tendo a certeza plena de que poucas pessoas (ou mesmo ninguém) verão o que é aqui jogado.
É meio que se enganar de novo, já que acima de qualquer coisa, se está publicando, mas na verdade publicando pra ninguém! É como imprimir um jornal e não fazê-lo circular, ou qualquer coisa assim.
Daí me pergunto "pra quê então escrevo aqui?" e em seguida me respondo "sei lá, pouco importa".
Vai que alguém bacana ache um dia. Alguém que ache engraçado. Que fique pra posterioridade quando eu morrer.
Que alguém ache justamente depois de eu morrer e descubra um pouco mais sobre mim. Ou mesmo antes de morrer. As possibilidades são poucas e desinteressantes. Mas tá aí. Tá que atualizo esse trem uma vez por mês... Mas tá aí!
Deve-se estar em bom estado de espírito pra se enganar um pouco, acredito assim. E "bom estado de espírito pra se enganar um pouco" não é um bom sentimento.
Sentimentos... Influem na vida a ponto de causar doenças físicas. Isso eu já acho bizarro. Acho que todo mundo acha bizarro, mas todo mundo tem coisas mais bizarras e urgentes pra se resolver. Bom, pelo menos não deixa de ser bizarro.
Bem que eu podia divulgar isso, mas tenho vergonha. Sim, vergonha é um sentimento! Esse sim é bom de vez em quando, mas péssimo outras vezes.
Isso me faz pensar numa coisa: qual sentimento é 100% bom? Eu não conheço nenhum! Mesmo quando se ama alguém se faz um bando de porcarias por isso. E olha que o amor é aquela coisa toda que se diz por aí!
Se bem que há controvérias, mas não quero entrar no mérito do que é ou não amor. O fato é que ele existe. Como diria um bom acadêmico "o amor é multifacetado". Mas odeio os bons acadêmicos (Opa, outro sentimento). O que eu gosto mesmo é de conversar. Nossa, conversar é bom... Mas a pessoa tem que saber conversar... E como uma pessoa aprende a conversar eu não sei. Acho que isso parte muito mais de quem ouve do que de quem fala. Então, corrigindo, tem que saber ouvir. E eu não sou lá muito bom nisso. Mas não me incomodo com isso, poderia ser pior. Será que saber ouvir é um sentimento?
Hoje vi uma palavra engraçada. Sua definição é, a grosso modo, "se agradar quando alguém que merecia se dar mal se dá". Acho que é, em alemão, Schadenfreude. Esse é um sentimento interessante de se rotular.

É engraçado como os sentimentos mesquinhos são claros e diretos... como os bons são obscuros e complexos... Mas isso já é outra história...

Minha consciência já grita "já chega de filosofia de boteco por hoje". Vou atendê-la.

Narração

Ele estava deitado em sua cama, olhando para o teto, pensando em tudo e nada ao mesmo tempo. Ele admirava a auto-capacidade de conseguir desligar sua cabeça de todo mundo físico e abstrato, e se transportar para o “limbo”, que era como ele chamava o estado de transe que ficava olhando para o nada e pensando em nada, como se estivesse em modo “stand by” do mundo. Algo o puxou do limbo de volta para sua cama.

“Quelqu’un a frappé la porte”. Foi o que ele pensou quando ouviu batidas na porta de seu pequeno e desorganizado quarto alugado. “Por quê diabos o pensamento veio em francês?” , essa era a preocupação dele, se abstendo das batidas insistentes que vinham da entrada de sua “kit”, como ele chamava. Levantou-se lentamente da cama, como se agisse contra a vontade de seu corpo, esse último, tratado como se tivesse vontade própria, não gostava de ser contrariado. Não foi caminhando, foi se arrastando, como se estivesse sob o sol de quarenta e três graus do deserto do Saara, e como se caminhasse de Oiapoque à Chuí. Chegou até a porta. A pessoa lá atrás, já estava a ponto de derrubá-la. Talvez derrubá-lo, pela impaciência que demonstrava ao bater.

Ele abre a porta sem o mínimo de vontade. Um estranho estava lá. Não era apenas estranho por nunca tê-lo visto, mas um estranho por... Pelo simples fato de ser estranho. Não era como as outras pessoas, fúteis e vazias, que estava acostumado a ver. Era diferente. E ele ficou estático, olhando aquele rosto impaciente, na verdade aquela boca, que de ímpeto, começou a falar descontroladamente. “Qui c’est?!”.

Uma pergunta pertinente até o momento. Mas de fato, quem era?

Aconteceu que naquele mesmo dia Tomás tinha um grande problema. Tinha um trabalho de arte brasileira contemporânea pra fazer. Tinha que entrevistar um artista plástico brasileiro, de preferência, que morasse próximo a ele. Desesperado com a situação, quase soltou um palavra feia quando ouviu sobre o trabalho. “Onde é que eu vou encontrar um artista plástico nessa budega de lugar? Se pelo menos eu ainda estivesse na Europa, eu não ia ta com esse problema agora.” E saiu desesperado. O que fazer? Correr para o Museu da cidade, talvez lá encontraria alguém que pudesse ajudá-lo. E encontrou. O único problema foi que a ajuda não saiu bem como ele esperava. Na realidade, por culpa dele e de sua preocupação por motivos tolos, errara o endereço que ouvira da funcionária do museu. Inverteu o número do apartamento. E foi. Foi irritado com tudo e com todos, afinal, ele tava perdendo a sua tarde de sábado, tarde em que a única coisa que importava do mundo era teoria literária, para ir fazer bendito trabalho sobre arte num projeto de país. “Esse país não tem nada a oferecer no campo artístico, só lixo”. Isso era o que ela pensava. Pensava baseando-se que insistiam em chamar funk e hip-hop de arte, sendo que para ele não passava de “lixo cultural”.

Mas sua menção era mais do que importante qualquer coisa, e tinha que achar esse bendito artista. Ele, Tomás, saiu correndo do museu, quase pegou uns três postes no caminho, mas chegou ao endereço que lhe foi dado. Bateu na porta, não foi bateu mais e mais, estava decidido a bater até que alguém aparecesse, precisava conversar com esse homem. Enquanto batia pensou repentinamente “Droga, esqueci de pegar o nome da pessoa! E agora?” Isso só p motivou a bater cada vez mais forte. A porta se abriu. Ele começou com todo seu interrogatório, sem nem se preocupar com quem era de fato, e sim com o que “aquilo” era em potencial: seu trabalho de artes.

De repente viu que a pessoa estava lá, em sua frente, totalmente estática. Só quando notou isso, voltou a si. E de repente, um sentimento que ele nunca havia sentido tomou conta de seu ser. Foi uma espécie de admiração, misturada com receio, misturada com vergonha. Um misto de sentimentos, resultando num novo e único. E passou a olhar aquele ser magro, de olhos fundos que estava ali, parado, a poucos centímetros dele. Esse silêncio de 15 segundos pareceu, para ambos, durar meses, talvez anos. Tomás desviou o olhar do rapaz que estava em sua frente e começou a reparar no ambiente: um chiqueiro, mas o cativava. A sensação estranha só se prolongava, mas a cada segundo, a admiração e uma atração esquisita crescia dentro dele. Queria entrar lá. Ele não conseguia entender porquê, mas queria.

Voltaram a si. E Tomás, mais calmo e envergonhado, falou o motivo de sua ida até lá. O rapaz que o atendeu falou que não sabia do que se tratava, que ele não era artista e nem conhecia nenhum. Tomás teve um desejo repentino de ir embora, se despediu rapidamente, talvez até grosseiramente do rapaz, e saiu do prédio, desnorteado. O rapaz ficou na porta, reesperando por algo. Algo que ele esperara a vida inteira, e que foi embora tão rápido. Algo que tocou incompreensivelmente o fundo de sua alma. Algo que tinha certeza que se fosse acontecer de novo, demoraria tanto quanto demorou para acontecer a primeira vez. E ficou lá por muitos instantes, olhando fixamente os degraus.

Tomás ficou pensando sem parar no que lhe havia acontecido. Queria entender tudo, pensava no quão não-racional foi toda a situação, sendo que ele gostava de se gabar, dizendo que era a pessoa mais racional que conhecia. Não achava explicação também em porque não parou de pensar no acontecido.

Os dois seguiram suas vidas medíocres. Mas nenhum nunca se esqueceu do outro. E essa sensação durou até o fim dos dias de cada um.

Madrugadas...

Nada tem um clima mais aconchegante do que uma boa madrugada.
Você pode fazer o que for, que ela será agradável. A brisa gelada, a calmaria, o silêncio. A lua parece assitir a tudo perplexa, sem sequer uma palavra dizer. A maioria das luzes apagadas, mas uma sempre está acesa. Pelo menos uma, seja qual for o motivo.

Na verdade, a madrugada tem se revelado uma grande companheira. Pelo menos no que diz respeito ao confronto daquele vazio estranho que a gente sente. Ele não vem de madrugada. Talvez ele venha tão grande, que sua energia se compare a de uma pessoa, se tornando assim uma compania. Metafísico demais...

Ah, os grilos! Grandes companheiros, junto com todo esse vazio gelado. Eles são os maestros dessa orquestra melancólica. Cada um em sua madrugada, aos comandos do tal maestro vai seguindo sua partitura e fazendo sua melodia. Seja no computador, em festas, lendo, estudando ou mesmo acordado, olhando pra parede. Cada um tem seu motivo pra entrar madrugada a dentro. Aqueles que dormem, dormem. Até amanhã.

Eu gosto de passar as madrugadas com meu contrabaixo. Mesmo que não esteja tocando, como agora, gosto de estar com ele no colo. Mesmo tendo tempo de dia, pareço respeitar seu sono diário, como se tivesse relógio biológico inverso: dormisse de dia e acordasse de madrugada. Dai me aparece aqueles racionais radicais e me dizem: "Ora biologico, é apenas um objeto, não há nada de biológico ali". Estes não têm a sensibilidade que a madrugada nos faz adquirir.

Mas e quando não há grilos? Há música? No meu caso sim. Mas eu sou um caso a parte, sempre há música. O combústivel da vida. É no rítimo de uma que digito estas palavras nesse momento. E ela sempre me acompanha nessas madrugadas gélidas.

Muitos já indagaram "Por que não dorme?". Ora dormir, dormir é perda de tempo. É como ficar no banheiro 12 horas seguidas sem alguma precisão. É puramente fisiologico, e há quem transforme em prazer, até Hoby. Se dorme por necessidade física, aposto que ninguém durmiria se não precisasse. E aparecem alguns vários ociosos que dizem gostar de dormir. Gosto de acabar com o sono, é diferente. Talvez muitos discordem, mas sim, é diferente.

Enquanto a maioria esmagadora das pessoas descansam suas mentes nesse momento, eu continuo ativo, com a minha à mil. Entre uma tecla e outra, uma nota e outra, uma brisa e outra ocorrem milhões de pensamentos. Ocorrem, também, vozes que sugerem asperamente "Vai dormir, tá tarde". Tarde pra você, para mim está cedo. E de fato está, se passaram apenas duas horas desse dia que começou.

Dormir é um ato tão individual que eu classificaria como egoísta. Por que dormir quando se pode estar com alguém, compartilhando milhares e estímulos e sensações? Coisa tão cliché que as pessoas mal se perguntam porquê fazem? Eu lanço o desafio: Por quê dormir?

Quando me derem uma boa resposta, dou minha palavra que me deitarei sempre às nove da noite, deixando de lado a madrugada e tudo de bom que ela me proporciona.

O desafio está lançado.

Boa madrugada.

Ensaio Sobre o Nada

Um tempo atrás, senti uma vontade repentina de escrever algo, mas o quê? E como? A única coisa que me veio à cabeça foi o nada.

A definição mais concreta e que melhor relatou o “nada”, recebi numa aula de filosofia, no ensino médio: Nada é um ente. A princípio, a confusão só aumentou, já que em seguida ouvi: “tudo é um ente”. Usando de uma lógica ligeiramente falha, nada é tudo, ou vice-versa. Mas essa linha de raciocínio não está de todo errada, já que nada é alguma coisa, gerando assim uma contradição em termos, porém uma ligação entre as idéias.

Quanto à forma, identifiquei-me com o ensaio após aula expositiva sobre ele. A definição que mais cativou, em meio a todas as tentativas de explicar o que de fato seria um ensaio, foi a de “um esboço literário”. Como o rascunho de um desenhista. Como é raro o caso de um rascunho vir a público, ele se torna, e tem o valor de nada. Aqui está nosso ponto de conexão. Um ensaio, assim como o rascunho, é nada.

E por que não, usar o nada para falar do nada? Juntando todos esses pensamentos levantei essa questão, que é totalmente paradoxal, e estou praticando-a aqui. Segundo a lingüística, a língua pode e deve explicar a própria língua. Tendo isso em mente, decidi testar aqui algo similar, o “nada” explicando o “nada”.

Sinto-me afundado em nada. Pessoas que não são pessoas, coisas que não são coisas, tudo no fim das contas parece nada. O mundo é um grande jogo de aparências, que ao ser desmontado resulta numa só coisa: nada.

Se uma pessoa finge ser bacana com você, mas de fato não é, e você acaba descobrindo, aquilo tudo se torna nada. Se uma coisa aparentemente é boa, mas na verdade ela é ruim, ou mesmo nada, seria novamente nada. É possível que tudo, aliás, nesse caso nada, esteja ligado a juízo de valor, e somente para mim, tudo pareça nada. Mas é difícil acreditar que uma pessoa que finja ser sua amiga, e no fim das contas descobrir que ela nunca foi, seja alguma coisa para você. Tanto ela quanto a amizade que partia dela é nada, já que não era.

É difícil acreditar também que algo, escrito num papel, sem mera comprovação teórica, ou mesmo, algo que nunca vá ser lido, seja realmente alguma coisa. Por isso, categorizo o ensaio como nada, e espero realmente que ninguém (ou pelo menos quase ninguém) o leia realmente. Logo, tudo isso que escrevo nesse momento é nada em potencial.

Talvez me achem louco, idiota, desatarefado, e essa é a razão pela qual me escondi no ensaio: “um modelo teórico que você não precisa explicar por A+B o que acha”, ou seja, ao meu ver, o ideal para explorar e explanar o meu nada. Nada nunca será provado (e não interprete a oração anterior no seu sentido mais comum, tente absorver a lógica da coisa).

Viva aos ensaios, que nos dá liberdade de falar de assuntos diversos, sem precisar ser exato em uma coisa subjetiva. Viva ao nada, que me rendeu tanta coisa sem fundo teórico para falar, que reside em meus pensamentos, e que agora, nesse exato momento, toma um pingo de vida. Mas é claro, uma vida de nada.

Poderia eu me estender por mais diversas páginas filosofando baratamente sobre o nada, mas termino por aqui, sem mais nada a dizer.