sábado, 24 de maio de 2008

Madrugadas...

Nada tem um clima mais aconchegante do que uma boa madrugada.
Você pode fazer o que for, que ela será agradável. A brisa gelada, a calmaria, o silêncio. A lua parece assitir a tudo perplexa, sem sequer uma palavra dizer. A maioria das luzes apagadas, mas uma sempre está acesa. Pelo menos uma, seja qual for o motivo.

Na verdade, a madrugada tem se revelado uma grande companheira. Pelo menos no que diz respeito ao confronto daquele vazio estranho que a gente sente. Ele não vem de madrugada. Talvez ele venha tão grande, que sua energia se compare a de uma pessoa, se tornando assim uma compania. Metafísico demais...

Ah, os grilos! Grandes companheiros, junto com todo esse vazio gelado. Eles são os maestros dessa orquestra melancólica. Cada um em sua madrugada, aos comandos do tal maestro vai seguindo sua partitura e fazendo sua melodia. Seja no computador, em festas, lendo, estudando ou mesmo acordado, olhando pra parede. Cada um tem seu motivo pra entrar madrugada a dentro. Aqueles que dormem, dormem. Até amanhã.

Eu gosto de passar as madrugadas com meu contrabaixo. Mesmo que não esteja tocando, como agora, gosto de estar com ele no colo. Mesmo tendo tempo de dia, pareço respeitar seu sono diário, como se tivesse relógio biológico inverso: dormisse de dia e acordasse de madrugada. Dai me aparece aqueles racionais radicais e me dizem: "Ora biologico, é apenas um objeto, não há nada de biológico ali". Estes não têm a sensibilidade que a madrugada nos faz adquirir.

Mas e quando não há grilos? Há música? No meu caso sim. Mas eu sou um caso a parte, sempre há música. O combústivel da vida. É no rítimo de uma que digito estas palavras nesse momento. E ela sempre me acompanha nessas madrugadas gélidas.

Muitos já indagaram "Por que não dorme?". Ora dormir, dormir é perda de tempo. É como ficar no banheiro 12 horas seguidas sem alguma precisão. É puramente fisiologico, e há quem transforme em prazer, até Hoby. Se dorme por necessidade física, aposto que ninguém durmiria se não precisasse. E aparecem alguns vários ociosos que dizem gostar de dormir. Gosto de acabar com o sono, é diferente. Talvez muitos discordem, mas sim, é diferente.

Enquanto a maioria esmagadora das pessoas descansam suas mentes nesse momento, eu continuo ativo, com a minha à mil. Entre uma tecla e outra, uma nota e outra, uma brisa e outra ocorrem milhões de pensamentos. Ocorrem, também, vozes que sugerem asperamente "Vai dormir, tá tarde". Tarde pra você, para mim está cedo. E de fato está, se passaram apenas duas horas desse dia que começou.

Dormir é um ato tão individual que eu classificaria como egoísta. Por que dormir quando se pode estar com alguém, compartilhando milhares e estímulos e sensações? Coisa tão cliché que as pessoas mal se perguntam porquê fazem? Eu lanço o desafio: Por quê dormir?

Quando me derem uma boa resposta, dou minha palavra que me deitarei sempre às nove da noite, deixando de lado a madrugada e tudo de bom que ela me proporciona.

O desafio está lançado.

Boa madrugada.

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